Por Fabi Mesquita - É com grande tristeza e consternação que nos deparamos com o desastre no Rio Grande do Sul, uma tragédia anunciada e alertada há muito tempo por ambientalistas, cientistas, lideranças indígenas e ativistas. A Terra não suporta mais os desmandos da humanidade, perpetrados pelo capitalismo selvagem, o agro, a devastação, o patriarcado e o racismo ambiental. O que está acontecendo aos nossos irmãos não é uma fatalidade, mas o fruto da degradação ambiental, do negacionismo à ciência e do descaso com a mãe Terra. Claro que, como em tudo nesta vida, a corda sempre arrebenta do lado mais fraco; os mais pobres e as populações vulnerabilizadas são os mais afetados, mas desta vez, as consequências estão de tal forma exacerbadas que toda a sociedade está sendo atingida por agruras como a falta d'água, por exemplo.
Nós que estamos assentados em regiões afastadas da tragédia, podemos nos considerar, neste momento, privilegiados, mas até quando? As emergências climáticas estão à porta, e todos seremos alcançados.
Urge divulgarmos o conceito de que o futuro é ancestral ou não será, mas não somos feitos só de palavras duras. Somos feitos de esperança, de amor e resistência, então, para além da dor e indignação que nos transpassa a alma neste momento, queremos também dizer que de nossas feridas estão nascendo asas. O povo do Rio Grande do Sul está sendo gigante em amor e força, e se em algum momento parte deste povo sentiu que não era Brasil, hoje são abraçados com a certeza de que sim, somos todos um imenso e arretado Brasil de amor e resiliência, com coragem e solidariedade pulsando por nossas veias e córregos, por nossos rios e coração. Somos um imenso Brasil de égua, eitas, vixes e tchês, que agora se enlaça em um abraço maior do que o mundo para dizer que somos um só, estamos unidos e só sairemos desta juntos!
Dedicaremos nos próximos dias nossas redes a difundir informação de qualidade para contribuir, ainda que timidamente, com nossos irmãos humanos animais. Vamos tentar buscar informações úteis, principalmente aos grupos mais vulneráveis, por vezes negligenciados nesses processos. Estamos atentos sobre o tratamento dado a indígenas, mulheres, crianças, população LGBTs e pessoas vivendo com HIV. Conclamamos a todos para que considerem as lentes de gênero, raça e etnia em todo o processo.
Aproveitamos o ensejo para aplaudir a sociedade civil pelo banho de cidadania. Heróis anônimos ou conhecidos, ricos e pobres têm surgido de toda a parte, e se em dado momento de uma “página infeliz da nossa história” o esgoto parecia despejar sobre a nação uma miríade de monstros, agora nos deparamos com milhares e milhares de seres imbuídos de amor ao próximo, apenas confirmando o que nós do multiverso sempre soubemos: o amor prevalecerá!
Um grande viva ao SUS que tem sido gigante como sempre, a cada voluntário e ONG fazendo história hoje, o nosso grande e caloroso obrigada!
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